Liderança em Tempos de Crise
Professor Amaral Viana
Aula será no dia 07/10/2011 ás 19:30h
Texto Básico: Neemias 2:11-18 “Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas portas tem sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio“(2:17).
INTRODUÇÃO
Liderar em tempos de crise é um desafio; não é para qualquer um. Jerusalém estava em plena crise: estrutural, política, social e espiritual. O povo de Deus precisava de um líder com características inatas de liderança para reverter a situação. Deus nunca abandona seu povo; em épocas de crise, quando as circunstâncias pregam que não há mais jeito, Deus entra em ação. Neemias foi a pessoa certa que Deus levantou para mudar a situação caótica da cidade de Jerusalém. Ele era: corajoso, destemido, humilde, prudente, probo, cauteloso, comunicativo, empático, sábio, responsável, organizado, motivador, participativo, prospectivo, proativo, estrategista, determinado, perseverante, discernente, homem de oração, temente a Deus… Era um líder completo. Tal padrão de liderança é indispensável na vida de um líder eficaz em tempos de crise. Vivemos num mundo fragmentado; há vidas quebradas, lares desfeitos e instituições públicas abaladas pela corrupção. A própria Igreja vive uma profunda crise de credibilidade e de liderança. A sociedade está enferma. Precisamos desesperadamente de líderes com as qualidades de Neemias.
I. AS CARACTERISTICAS DO LÍDER NEEMIAS
1. Um líder corajoso. “Coragem é aquela qualidade de espírito que capacita os homens a enfrentar o perigo, ou a dificuldade, com firmeza, ou sem medo”(SANDERS, J. Oswald. p.53). O líder deve ter coragem suficiente para tomar decisões difíceis. Coragem leva a ousadia. Ousadia é fazer coisas diferentes que deixam uma marca: uma marca na vida da família, das pessoas, da congregação, do povo, do bairro… Neemias foi um líder corajoso, que lutou contra as desavenças e encorajou o povo a fazer a obra de Deus (2:18), semelhante a Cristo que lutou contra a oposição do povo e encorajou seus discípulos a permanecerem firmes (João 15.18-27). Neemias teve coragem de enfrentar os grandes desafios: a) Motivou o rei a mudar sua política com relação a Jerusalém. Certamente, este foi um grande desafio, talvez o maior dentre os demais. Neemias compreendeu que a reconstrução de Jerusalém passava pela decisão política do rei. A soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. O rei Artaxerxes já havia decretado a paralisação da reconstrução do templo (Ed 4:21). Motivar o rei a mudar sua política se constituía uma causa e um sonho humanamente impossíveis. No sistema político medo-persa, a lei era maior que o rei. O rei era subalterno à própria lei. Dario não pôde voltar atrás em sua sentença contra Daniel. Veja, também, o caso dos judeus na época do rei Assuero(Ester 8:1-8). Portanto, o interdito assinado pelo rei Arataxerxes era maior que ele. Só um milagre poderia reverter a decisão política do rei. Contudo, os impossíveis dos homens são possíveis para Deus. a.1) Neemias buscou a direção de Deus e o tempo certo antes de agir, com sabedoria e discernimento (1:11; 2:4). O sonho humanamente impossível torna-se realidade quando oramos e agimos no tempo oportuno de Deus, com discernimento e sabedoria, com objetivos claros diante de Deus e dos homens. Orar é pedir que Deus faça aquilo que não podemos fazer. Neemias orou por quatro meses. No dia em que foi falar com o rei, intensificou sua oração (1:11). Na hora que foi responder ao rei, tornou a orar (2:4); Neemias endereçou ao céu uma oração telegrama, breve, silente, eficaz. Ele esperou um dia de festa, em que a rainha estava presente (2:6) - é preciso ter sabedoria para saber a hora certa de agir - é preciso agir no tempo de Deus. Neemias sabia que a melhor maneira de influenciar os poderosos da terra era ter a ajuda do Deus todo-poderoso. Ele foi ao rei confiando no Rei dos reis. Ele conjugou oração e ação. Pela oração e ação de Neemias um obstáculo aparentemente intransponível foi reduzido a proporções domináveis. O coração do rei se abriu e os propósitos de Neemias foram contemplados. a.2) Veja a seguir, resumidamente, os pedidos que Neemias fez ao rei - só um líder audaz e diligente fará isso. · Ele pediu ao rei para mudar sua decisão política acerca de Jerusalém (2:5) - o rei tinha dado uma ordem para paralisar a obra de reedificação da cidade - Neemias pediu algo que alteraria um decreto do rei. · Ele pediu ao rei para ser enviado com a missão de reconstruir Jerusalém (2:5) - Neemias recebeu seu chamado de Deus, mas precisa ser enviado pelo rei. · Ele pediu cartas de recomendação (2:7) - antecipou soluções - foi prudente - demonstrou uma visão prospectiva e proativa. · Ele pediu provisão para a viagem (2:8) - Não se faz a obra de Deus sem recursos - Neemias pede a quem pode atender - é necessário coragem para isso. · Ele pediu proteção para a viagem (2:9) - Neemias não dispensou os oficiais do exército nem os cavaleiros - a proteção divina não anula a prudência humana. Precisamos confiar em Deus e manter a prudência e a cautela. O grande comandante Oliver Cronwell, que venceu os exércitos do rei Carlos I, na Inglaterra no século 17, ensinava os seus soldados a orar e manter a pólvora seca. [1] b) Neemias não se abateu diante dos escárnios e zombarias. Ao chegar a Jerusalém, Neemias teve fortes oposições, que um líder corajoso poderia suportar; não faltaram críticas e zombarias à atitude desse servo de Deus: “Que é isso que fazeis?”(2:19). “Que fazem estes fracos judeus?”(4:2). Neemias, porém, não se intimidou; ele rompeu com o medo e foi corajoso, ainda que o inimigo ameaçasse frustrar seus objetivos (cap. 4). Os féis de Deus constantemente enfrentam o escárnio e a zombaria, pelo fato de, a cada dia, procurarem viver uma vida de retidão entre os que não conhecem a Deus. O mundo continuamente despreza os padrões morais do cristão e zomba da sua dedicação a Cristo. Nossa confiança e nossa resposta devem ser as mesmas de Neemias: o Deus dos céus nos ajudará e por fim vindicará os justos(cf Ne 2:20) 2. Um líder prudente. Quando chegou a Jerusalém, Neemias agiu com muita prudência e discrição. A discrição é uma das marcas de um líder bem-sucedido. O silêncio, muitas vezes, é mais eloquente do que as palavras. Existem momentos que devemos esperar para relatar os nossos planos porque nem todos os liderados estão preparados para ouvi-los. Neemias chegou discretamente a Jerusalém e passou vários dias observando e avaliando cuidadosamente o estado dos muros. Ele manteve em segredo a sua missão e inspecionou os muros sob a luz do luar para evitar comentários sobre a sua chegada e para evitar que os inimigos conhecessem os seus planos. Um anúncio prematuro poderia ter causado rivalidade entre os judeus sobre o melhor modo de começar o trabalho. Neste caso, Neemias não precisou de tediosas reuniões de planejamento; ele precisava de um plano que produzisse resultados imediatos. Está escrito: “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia a sua loucura“(Pv 13:16). Portanto, um líder prudente e sábio analisa os problemas discretamente antes de encorajar seus liderados publicamente. Quando o líder sabe o que precisa ser feito, e aonde quer chegar e como chegar, seus liderados são encorajados a realizar a obra. 3. Um líder que sabia lidar com a oposição (ler Ne 2:9,10,19). Os inimigos estavam furiosos porque alguém se levantou para procurar o bem dos filhos de Israel e restaurar a cidade. Da mesma forma, hoje, os nossos inimigos não ficam sossegados quando alguém luta pela Igreja e se levanta para reconstruir a casa de Deus. Onde o povo de Deus busca restauração, avivamento, ocorre a fúria do inimigo. Foram repetidas as vezes em que Neemias e o povo enfrentaram situações de oposição: quando Neemias teve permissão e recursos para voltar para Jerusalém, a oposição ficou profundamente perturbada (Ne 2:9,10); quando o povo declarou sua intenção de reconstruir os muros, a oposição zombou dele e o desprezou (2:18,19); quando o povo de fato começou a reconstruir os muros, a oposição “ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus” (4:1); quando o povo continuou a reconstruir os muros, a oposição ficou muito irada e conspirou atacá-lo e criar confusão (4:6-8); e, por fim, quando o povo concluiu a reconstrução dos muros, a oposição fingiu aceitar, mas queria prejudicá-lo (6:1-9). Sambalate (governador de Samaria), Tobias(da nobreza dos amonitas) e Gesém(o árabe - possível rei de Quedar, segundo descobertas arqueológicas), tentaram de todas as maneiras tirar Neemias do foco, do projeto que estava comprometido. Estes inimigos usaram diversas estratégias para paralisar a obra, inclusive propondo ajuda na restauração da cidade. Neemias, porém, sempre prudente e sábio respondeu-lhes: “O Deus dos céus é o que nos fará prosperar”(Ne 2:20). Neemias não cedeu à pressão dos adversários. Ele confiou em Deus, e recusou dar ouvidos aos adversários. Aprendemos algumas lições com esta postura inexorável de Neeemias: 1) O verdadeiro líder não se deixa desencorajar por ataques pessoais injustos. 2) O bom líder se preocupa com a causa em que está envolvido. 3) O líder de Deus não se cansa enquanto não vê a obra das suas mãos concluída. Em cada geração existem aqueles que odeiam o povo de Deus e tentam impedir a realização dos seus propósitos(ler 1João 3:13). Ao tentar realizar a obra de Deus, alguns se oporão e outros até mesmo desejarão que você não consiga realizá-la. Saber que Deus é o idealizador e o patrocinador de sua tarefa é o melhor incentivo para prosseguir, mesmo diante da oposição. Deus é mais forte do que todos os seus adversários. Se confiarmos nele, teremos bom êxito no trabalho.
II. ASPECTOS DA LIDERANÇA DE NEEMIAS
1. Neemias motiva seus liderados. O verdadeiro líder é aquele que motiva as pessoas a abraçar o seu projeto. Como um exímio administrador, Neemias conhecia bem a arte de motivar e mobilizar as pessoas. Ele move o povo ao sentimento do patriotismo. Ele abre seus olhos para a realidade em que viviam. Neemias mostra que não podemos nos conformar com o caos, com a crise, com o opróbrio. Ele chama o povo para trabalhar; jamais a reforma teria sido feita se o povo não se envolvesse. Cada um precisa fazer sua parte. Não adianta culpar os outros e apenas ver o que eles precisam fazer. Foi convocada uma assembleia dos lideres dos judeus e o assunto lhes foi exposto claramente. “Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas portas tem sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio“(2:17). Então ele lhes contou como Deus o tinha convocado para realizar essa missão, e como o Senhor tinha agido sobre o rei para que o ajudasse, não apenas ao dar-lhe a autoridade como governador(5:14), mas também ao tornar disponíveis a ele os materiais necessários para realizar o trabalho. Este fervoroso apelo recebeu resposta rápida. Impressionados com o zelo de Neemias, os líderes judeus responderam imediatamente: “Levantemo-nos e edifiquemos”(2:18). O sumo sacerdote foi o primeiro da lista a abraçar a obra (3:1). Sua posição de liderança não o isentou do trabalho, mas o fez exemplo para os demais. O líder precisa estar na frente. Ele não pode querer que os outros abracem a obra se ele não está na frente. Privilégio e responsabilidade andam juntos. O líder é aquele que se identifica com o povo, é exemplo para o povo e trabalha com o povo. Os sacerdotes, de igual forma, lançaram mão à obra (3:22,28). Eles não apenas trabalharam na obra, mas fizeram mais do que se esperava deles. Os ourives também se envolveram com a obra (3:8,31). Eles também poderiam ter se desculpado, dizendo: “Nós temos as mãos finas, só trabalhamos com coisas delicadas”. Mas eles pegaram em pedra bruta e assentaram tijolos. Os regentes de dois distritos, semelhantemente, se dispuseram a trabalhar (3:9,12,14,15,16). Eles deixaram seus aposentos de conforto para trabalhar ombro a ombro com as classes operárias. Trabalharam sem rivalidades ou ressentimentos. A motivação de Neemias contaminou todas as pessoas, ninguém ficou de fora. Homens de lugares diferentes e de diferentes ocupações trabalharam juntos no muro. Além dos que foram citados acima, também participaram da obra: os levitas, chefes e pessoas comuns, porteiros e guardas, fazendeiros, farmacêuticos, mercadores, empregados do templo e mulheres. O líder é aquele que vê o potencial de cada pessoa e a motiva a acreditar em si mesma. Só gente abnegada como Neemias pode liderar um povo a se levantar e agir. Mas alguém pode perguntar: ninguém se recusou a participar? Claro que sim. Na obra de Deus, o líder não deve esperar por unanimidade. A elite de Tecoa, a cidade natal do profeta Amós, não quis sustentar o trabalho em Jerusalém e recusou-se a participar da reconstrução do muro(Ne 3:5). Todavia, Neemias não permitiu que a rejeição dessas pessoas tirasse seu entusiasmo e otimismo. Ele trabalhou com quem estava disposto a trabalhar. Bem disse o rev. Hernandes Dias Lopes: não podemos permitir que a omissão ou a ausência de alguns nos tirem a alegria da presença de outros, nem podemos permitir que o desestímulo de alguns desvie os nossos olhos do alvo que é a reconstrução da cidade. Devemos nos alegrar mais com aqueles que estão conosco do que nos entristecermos com aqueles que estão de braços cruzados.[1] Atualmente, Deus continua delegando tarefas diferentes aos cristãos e concedendo dons e habilidades distintos, conforme o propósito de nosso chamado. Além disso, ele conhece os que trabalham em dobro e os que não se envolvem com sua obra. No porvir, isto é, no Tribunal de Cristo, todo serviço ao Senhor será examinado. Está escrito: “a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um“(1Co 3:13). 2. Neemias estabelece parcerias. Sozinho, Neemias não poderia cumprir a sua missão. Por isso embeleceu parcerias. Ele mobiliza o povo para o trabalho e torna-se o pai do chamado mutirão. Neemias participou ativamente dos trabalhos. Ele não disse “vá e construa”, mas “vinde e construamos!”(2:17); não só liderava, também fazia parte da equipe. Ele era um grande e admirável exemplo para o seu povo. Jamais deixou de labutar junto ao povo - “E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos as nossas vestes; cada um ia com suas armas à água“(Ne 4:23). Disse o pr. Elinaldo Renovato: “líder não é o que manda, mas o que comanda; líder não é o que ordena: ‘façam’, mas o que motiva: ‘façamos’. O pseudolíder esbraveja: ‘Aqui, quem manda sou eu!’. Quem assim age, jamais será um líder, mas um capataz”. 3. Neemias prima pela organização. No capitulo 3 é-nos fornecida, principalmente, uma lista daqueles que participaram da construção. À primeira vista, isso parece não ter qualquer interesse intrínseco, mas depois de cuidadosas considerações, podemos concluir que em um projeto comunitário, grande importância deve ser dada à organização cuidadosa, e à certeza da cooperação por parte de todos os membros da comunidade. Neemias se preocupou com a organização: nomeou as pessoas certas para os lugares certos(ver Ne 3:2-15). Cada parte do muro tinha o seu construtor, e parece que Neemias dedicou uma cuidadosa atenção à distribuição adequada das tarefas. Ele sabia onde cada pessoa devia estar, onde devia trabalhar e o que devia fazer. Alguns tinham a responsabilidade de reconstruir os muros desde o alicerce, enquanto outros tiveram apenas de fazer reparos. Cada um sabia o que se esperava de sua tarefa. Em todo trabalho, houve coordenação e organização. A organização e o trabalho em equipe são um dos segredos do sucesso. III. É HORA DE RECONSTRUIR Reconstruir era o grande desafio. Apesar dos que se opunham, nada impediu o avanço e conclusão da obra de Deus. O capítulo 6 diz que os inimigos conspiraram e intimidaram o povo de Deus e usaram até de suborno para atemorizar Neemias(Ne 6:13). Mas ele era um líder determinado e estava convicto de sua missão. É assim que precisamos ser, pois estamos fazendo uma grande obra e não podemos parar ou recuar. 1. Uma cidade destruída. Chegando a Jerusalém e permanecendo na cidade por três dias, Neemias percebe, depois de andar pelas ruas de Jerusalém, à noite, que tudo que tinha ouvido falar era verdade: a cidade estava destruída. Os escombros fechavam os caminhos. Além disso, havia insegurança pública, injustiça social, pobreza e extrema miséria(Ne 2:17). Parecia ser uma causa perdida. As coisas pareciam imutáveis. Mexer em algo tão sedimentado dava medo. Alguns pensavam: “É melhor deixar as coisas como estão. É melhor não revirar essas pedras. Vai levantar muita poeira. Vai trazer muita coisa à memória. Nós não vamos dar conta. Nossos inimigos vão escarnecer de nós”. A restauração de Jerusalém não interessa a todas as pessoas. Há quem lucra com os escombros. Durante os 120 anos que se seguiram depois dos muros terem sido derrubados pelos caldeus(2Cr 36:19), dezenas de milhares de habitantes de Jerusalém literalmente viram aquilo e não fizeram nada. O que o povo precisava era de um líder que os motivasse à luta, que traçasse um plano de ação e os conduzisse por todo o processo de reconstrução. Deus chamou Neemias para realizar essa grande obra - “… o que o meu Deus me pôs no coração para fazer em Jerusalém“(Ne 2:12). Muitos viram a desolação da cidade, alguns choraram sobre ela, mas somente Neemias a reconstruiu. Não basta apenas lamentar o caos em que se encontra a sociedade. É preciso conceber sua restauração como alvo supremo da nossa vida.[1] Uma grande obra pode começar quando um homem se levanta e se coloca nas mãos de Deus. O sonho humanamente impossível torna-se realidade quando você ora e age no tempo oportuno de Deus, com discernimento e sabedoria, com objetivos claros diante de Deus e dos homens. Quais são os sonhos que lhe parecem impossíveis? Quer começar a orar, a chorar e jejuar por eles? 2. Dedicação total ao trabalho (ler Ne 4:21,23). A reconstrução dos muros de Jerusalém não é a história de uma única pessoa de sucesso. Os muros foram reconstruídos porque muitas pessoas se ajudaram entre si e trabalharam em conjunto, com dedicação total. Motivadas pelas palavras incentivadoras do grande líder Neemias, e também pelo exemplo que dava às pessoas, participando dedicadamente ao trabalho (liderança se faz com exemplo), se uniram, família por família, e trabalharam por admiráveis 52 dias com espadas em uma mão e trolhas na outra, reconstruindo os muros. Os construtores trabalhavam “desde o raiar do dia até ao sair das estrelas”(Ne 4:21). Deus nos chama para o serviço. Os preguiçosos nunca se envolvem, ou cedo desistem. “O trabalho de Deus exige dedicação, esforço, suor, constância. O chamado de Deus não é para o ócio, mas para o trabalho. Nem mesmo na eternidade, estaremos desobrigados do trabalho, pois no céu os remidos servem o Senhor. Se quisermos ver a reconstrução da família, da igreja e da sociedade, precisamos trabalhar enquanto é dia e na medida das nossas forças“.[1] 3. A divisão do trabalho. Todos os cidadãos de Jerusalém fizeram a sua parte no imenso trabalho de reconstrução dos muros da cidade. Os capítulos 03 e 04 do livro de Neemias mostram claramente como ele colocou a obra diante de si, delegando tarefas a grupos específicos. Havia todo o tipo de trabalhadores e o resultado foi surpreendente. Assim, Neemias enxergou o trabalho como meio de se atingir um objetivo específico; não teve medo de delegar responsabilidades; foi capaz de enxergar os obstáculos e vencê-los. Deus usou várias pessoas diferentes, de profissões diferentes, de graus culturais diferentes para construir o muro. Todos deviam estar juntos trabalhando. Todos precisavam uns dos outros, e eles sabiam disso. Vemos aqui unidades familiares; pessoas segundo suas cidades; suas perícias - ourives, perfumistas (Ne 3:8); suas profissões - os mercadores (3:31,32) e suas vocações - os sacerdotes (3:1,21,22,28); os levitas (3:17,18), os servos do templo (3:26); os maiorais dos distritos (3:9,12,15-17). Certo homem mobilizou até mesmo suas filhas (3:12). Ao lermos os textos de Neemias 3:2-15, veremos que as expressões “junto a ele”, “ao seu lado”, “junto dele”, “depois dele” mostram que todos trabalhavam em harmonia. Não havia disputas, ciúmes, brigas ou melindres. Cada um devia estar contente com a sua tarefa. Todos deviam trabalhar para o mesmo propósito: a reconstrução da cidade. Não existia ninguém buscando glória pessoal. Os membros da equipe completavam-se uns aos outros - jamais competiam uns com os outros. Semelhantemente, o trabalho da igreja exige o esforço de cada membro, visando o mesmo objetivo: o engrandecimento do reino de Deus. A união, comunhão e unidade são os pilares sustentadores da obra do Senhor Jesus, e imprescindíveis para que o Corpo de Cristo funcione eficientemente (1Co 12:12-27).
CONCLUSÃO
Apesar da crise, há muito para se reconstruir em nossos dias. O mundo (humanidade) está com os muros fendidos e as portas destruídas. A humanidade está em calamidade espiritual, moral e material. Deus precisa contar com mulheres e homens destemidos e determinados para refazer lares e revitalizar vidas. Se alguém quiser desanimá-lo e pedir para desistir faça como Neemias: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer. Por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” (Ne 6: 3). Amém? —-
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